Ao longo da costa do Brasil, e certamente num espaço considerável em direção ao interior, do rio da Prata até o Cabo de São Roque, latitude de 50 S., numa distância de mais de 2.000 milhas geográficas, sempre que há uma rocha sólida, ela pertence à formação granítica. O fato dessa área enorme ser assim constituída – de materiais que todo o geólogo acredita terem sido cristalizados pela ação do calor sob pressão – dá origem a reflexões muito curiosas. Esse efeito foi produzido abaixo das profundidades de um oceano profundo? Ou uma cobertura de estratos se estendeu antigamente sobre ela, tendo sido removida desde então? Podemos acreditar que alguma força, agindo por algum tempo, poderia ter desnudado o granito sobre tantos milhares de léguas quadradas?
Diário de Charles Darwin, a bordo do HMS Beagle.
De fato, até a presente data Darwin tinha mais perguntas do que respostas sobre geologia estrutural. Se isto servir de consolo, até aquela presente data também, a evolução biológica não era sequer um pálido e remoto vislumbre inacabado, de algo que assim com a teoria da tectônica de placas teria um profundo impacto na forma como enxergamos a nossa realidade.
Como explicar parte do Everest (8.848 m) feito de rochas e fósseis que já estiveram no fundo do oceano. O que explica os vestígios de geleiras maciças no Saara e de selvas tropicais no Alasca? Questões como estas certamente deixaram alguns geocientistas com insônia por semanas!
A maneira moderna de observar a Terra começou na Escócia, no fim do século XVIII. Edimburgo era o centro do Iluminismo escocês, que incluía homens brilhantes como James Watt, inventor da máquina a vapor, Adam Smith, cuja Riqueza das Nações deu origem a um novo tipo de economia baseada na livre iniciativa, John Clerk, que criou novas e engenhosas modalidades de guerra naval, Joseph Black, o químico pioneiro que descobriu o dióxido de carbono e por fim, não menos importante James Hutton (1726 – 1797), que estabeleceu os modernos pontos de vista sobre a Terra.
A partir daí, o herói da revolução moderna na área da geociências o meteorologista alemão Alfred Wegner, passando pelos geólogos norte-americanos Harry Hess e Robert Dietz até o canadense J. Tuzo Wilson percebemos que em grande parte do planeta, o alicerce que plasmou nossas crenças e ideáis poderia, de repente, ruir como um passe de mágica.
Assim como aconteceu com a Tsumani que atingiu a Indonésia em dezembro de 2004, os terremotos da China (2008) e da Itália (2009) e mais recentemente o Haithi, assinala que os processos endógenos embora venham diminuindo de intensidade e freqência ao longo do tempo geológico obdecendo ao princípio da entropia, ainda hoje causam profundas mudanças na paisagem, e na esteira destas mudanças ocorrem dor e sofrimento para as populações humanas.
Embora eu compadeça de uma enorme empatia pelo personagem Mr. Burn da série Os Simpsons devo informá-lo que infelizmente ele está errado. O único risco que ofereçemos é contra nós mesmos e outras espécies biológicas.
“Durante milhares de anos a mãe natureza atormentou o homem com tempestades, doenças e catástrofes. Agora que nos estamos vencendo essa guerra, ela vem pedir ajuda?”
A resposta:
Data Tipo/Local Total de mortos
1887 Inundação China 1 milhão
1556 Terremoto China, Shaansi 830 mil
1737 Terremoto Índia, Calcutá 300 mil
1970 Ciclone Paquistão/Bangladesh 300 mil
1976 Terremoto China, Tangshan 255 mil
1138 Terremoto Síria, Aleppo 230 mil
1920 Terremoto China, Gansu 200 mil
1923 Terremoto Japão, Kanto + 143 mil
1991 Ciclone Bangladesh 138 mil
1948 Terremoto Turcomenistão 110 mil
1908 Terremoto/Enchentes Itália, Messina 70 mil a 100 mil
1815 Erupção Indonésia, vulcão Tambora 92 mil
1902 Erupção Martinica, Mt. Pelee 35 mil a 40 mil
1883 Erupção/Tsunami Indonésia, Krakatoa 36 mil
2003 Terremoto Irã, Bam 31 mil
2004 Tsunami Indonésia, Malásia, Tahilândia 260 mil
2010 Terremoto Haithi + 240 mil
Terremoto de magnitude 9.0 ocorrido na ilha de Sumatra, Indonésia em 26 de dezembro de 2004 que desencadeou uma série de Tsumanis pelo Indo-Pacífico, ceifando a vida de milhares de pessoas.
Extraído de Tarbuck, E. e Lutgens, F. Earth Science 11 th ed. 2006