A origem e evolução das acumulações eólicas são determinadas por fatores ambientais de escala regional ou local: (i) suprimento de sedimentos, (ii) textura dos sedimentos, (iii) cobertura vegetal (iv) velocidade e variabilidade dos ventos (v) topografia pretérita (vi) variações climáticas e do nível do mar e (vii) soerguimento e subsidência tectônicas.
Nas zonas costeiras podem ser adicionadas: profundidade do lenço freático, amplitude das marés, morfologia praial, orientação da linha de costa.
A construção e evolução das dunas costeiras são decorrentes de processos atuantes a longo e a curto prazo. No primeiro caso, a morfologia dunar pode manter-se sem qualquer alteração por centenas a milhares de anos. No segundo caso, a construção e a evolução da morfologia dunar estão submetidas às modificações temporais, diárias ou sazonais. Tais modificações, em geral, estão relacionadas com fenômenos naturais, cuja variabilidade depende do sistema de circulação atmosférica local e global como as brisas marinhas e terrestres, os ventos alísios e eventos de curta duração tipo El-Ninõ e La-Ninã.
Na região Nordeste do Brasil, a evolução da zona costeira durante o Quaternário foi controlada pelas variações relativas do nível do mar, pelo comportamento dos ventos alísios e pelas variações climáticas. Os campos de dunas costeiras, ai presentes, têm no clima seu controle mais importante. Os campos de dunas costeiras ativas estão presentes somente naqueles trechos onde ocorrem, pelo menos, quatro meses de seca consecutivos durante o ano.
As dunas costeiras são alimentadas pelas areias da face de praia, o que tende a gerar localmente déficit de sedimento, uma vez que estas dunas migram para o interior da costa, recobrindo ou “transgredindo” terrenos mais antigos.
No Rio Grande do Sul, por exemplo, dunas eólicas costeiras estão largamente representadas uma vez que esta região apresenta uma conjunção de fatores que favorecem a formação destes campos eólicos: possui topografia de terras baixas (planície costeira), regime de ventos apropriado (em velocidade e direção) e grande estoque de areia quartzosa fina, disponível em praia retilínea exposta à ação das ondas.
Geralmente, as areias de granulometria média, fina e muito fina são colocadas em transporte pelo vento quando este atinge velocidades superiores a 5 m/s.
Texto extraído de Liana Barbosa - Campos de dunas costeiras associados à desembocadura do rio São Francisco(SE/AL): origem e controles ambientais. Tese de Doutorado, Universidade Federal da Bahia.
Vista geral do campo eólico de Cidreira, Rio Grande do Sul. Extraído de Tomazelli e colaboradores (2008).
Fotografia aérea vertical do campo eólico de Itapeva, Rio Grande do Sul. Extraído de Tomazelli e colaboradores (2008).
Campo de dunas dos Lençois Maranhenses, MA.