sexta-feira, fevereiro 19, 2010

Alterações de curto e longo prazo

Os chamados sistemas limiares incluem sistemas físicos, biológicos, químicos e sociais, entre outros. À primeira vista, parecem totalmente diferentes entre sí. Porém, há características comuns a todos eles: seus elementos são capazes de acumular energia até certo valor máximo (valor limiar). Mas, quando a energia acumulada em um dos seus elementos constituintes ultrapassa este limiar, ela é liberada parcialmente para os elementos vizinhos e para fora do sistema.
Com a energia recebida, é possível que a energia de alguns elementos vizinhos também ultrapasse o valor limiar, gerando uma nova liberação energética e assim por diante.
Comumente as zonas costeiras são definidas como uma área de interação dos domínios atmosféricos, terrestres e oceanográficos, no entanto estas áreas se enquandram muito bem em sistemas limiares com um comportamento complexo e não linear.
Imagine uma zona costeira sendo acometida pela seguinte conjunção de fatores: marés astronómicas + marés meteorológicas + alta pluviosidade nas bacias hidrográficas + formação de ciclones e/ou anticiclones. Certamente Zeus, não ficaria indiferente a este cenário. 

Litoral da Escócia, janeiro de 2005.


Praia do Alabama, EUA, após a passagem do furação Ivan. Modificado de Sallenger e colaboradores 2006.


Furacão Ivan passando sobre a península de Yucatan, México. Fonte NOAA. 

População de Bangladesh refugiada pelas intempéries.

Responda porque a faixa litorânea de Bangladesh é uma das áreas mais propensas a desastres naturais no globo.


quarta-feira, fevereiro 10, 2010

Cenas de um mundo em transformação

Ao longo da costa do Brasil, e certamente num espaço considerável em direção ao interior, do rio da Prata até o Cabo de São Roque, latitude de 50 S., numa distância de mais de 2.000 milhas geográficas, sempre que há uma rocha sólida, ela pertence à formação granítica. O fato dessa área enorme ser assim constituída – de materiais que todo o geólogo acredita terem sido cristalizados pela ação do calor sob pressão – dá origem a reflexões muito curiosas. Esse efeito foi produzido abaixo das profundidades de um oceano profundo? Ou uma cobertura de estratos se estendeu antigamente sobre ela, tendo sido removida desde então? Podemos acreditar que alguma força, agindo por algum tempo, poderia ter desnudado o granito sobre tantos milhares de léguas quadradas?


Diário de Charles Darwin, a bordo do HMS Beagle.

De fato, até a presente data Darwin tinha mais perguntas do que respostas sobre geologia estrutural. Se isto servir de consolo, até aquela presente data também, a evolução biológica não era sequer um pálido e remoto vislumbre inacabado, de algo que assim com a teoria da tectônica de placas teria um profundo impacto na forma como enxergamos a nossa realidade.

Como explicar parte do Everest (8.848 m) feito de rochas e fósseis que já estiveram no fundo do oceano. O que explica os vestígios de geleiras maciças no Saara e de selvas tropicais no Alasca? Questões como estas certamente deixaram alguns geocientistas com insônia por semanas!

A maneira moderna de observar a Terra começou na Escócia, no fim do século XVIII. Edimburgo era o centro do Iluminismo escocês, que incluía homens brilhantes como James Watt, inventor da máquina a vapor, Adam Smith, cuja Riqueza das Nações deu origem a um novo tipo de economia baseada na livre iniciativa, John Clerk, que criou novas e engenhosas modalidades de guerra naval, Joseph Black, o químico pioneiro que descobriu o dióxido de carbono e por fim, não menos importante James Hutton (1726 – 1797), que estabeleceu os modernos pontos de vista sobre a Terra.

A partir daí, o herói da revolução moderna na área da geociências o meteorologista alemão Alfred Wegner, passando pelos geólogos norte-americanos Harry Hess e Robert Dietz até o canadense J. Tuzo Wilson percebemos que em grande parte do planeta, o alicerce que plasmou nossas crenças e ideáis poderia, de repente, ruir como um passe de mágica.

Assim como aconteceu com a Tsumani que atingiu a Indonésia em dezembro de 2004, os terremotos da China (2008) e da Itália (2009) e mais recentemente o Haithi, assinala que os processos endógenos embora venham diminuindo de intensidade e freqência ao longo do tempo geológico obdecendo ao princípio da entropia, ainda hoje causam profundas mudanças na paisagem, e na esteira destas mudanças ocorrem dor e sofrimento para as populações humanas.

Embora eu compadeça de uma enorme empatia pelo personagem Mr. Burn da série Os Simpsons devo informá-lo que infelizmente ele está errado. O único risco que ofereçemos é contra nós mesmos e outras espécies biológicas.
“Durante milhares de anos a mãe natureza atormentou o homem com tempestades, doenças e catástrofes. Agora que nos estamos vencendo essa guerra, ela vem pedir ajuda?”


A resposta:



Data                            Tipo/Local                                                  Total de mortos

                1887                        Inundação China                                                  1 milhão

                1556                      Terremoto China, Shaansi                                      830 mil

                1737                      Terremoto Índia, Calcutá                                       300 mil

                1970                     Ciclone Paquistão/Bangladesh                                300 mil

                1976                     Terremoto China, Tangshan                                   255 mil

               1138                      Terremoto Síria, Aleppo                                        230 mil

               1920                      Terremoto China, Gansu                                        200 mil

               1923                      Terremoto Japão, Kanto                                     + 143 mil

               1991                       Ciclone Bangladesh                                              138 mil

               1948                      Terremoto Turcomenistão                                     110 mil

               1908                     Terremoto/Enchentes Itália, Messina              70 mil a 100 mil

               1815                       Erupção Indonésia, vulcão Tambora                     92 mil

               1902                       Erupção Martinica, Mt. Pelee                       35 mil a 40 mil

               1883                      Erupção/Tsunami Indonésia, Krakatoa                  36 mil

               2003                         Terremoto Irã, Bam                                           31 mil

               2004                   Tsunami Indonésia, Malásia, Tahilândia                    260 mil

               2010                        Terremoto Haithi                                                + 240 mil


Terremoto de magnitude 9.0 ocorrido na ilha de Sumatra, Indonésia em 26 de dezembro de 2004 que desencadeou uma série de Tsumanis pelo Indo-Pacífico, ceifando a vida de milhares de pessoas.
Extraído de Tarbuck, E. e Lutgens, F. Earth Science 11 th ed. 2006 

Darwin na Baía de Todos os Santos

Bahia, ou São Salvador, Brasil, 29 de fevereiro de 1832 – O dia transcorreu maravilhosamente. Deleite, entretanto, é uma palavra fraca para expressar os sentimentos de um naturalista que, pela primeira vez, esteve perambulando sozinho, numa floresta brasileira. Em meio à profusão de objetos notáveis, a exuberância geral da vegetação ganha longe... Para alguém que gosta de história natural, um dia como esse traz nele um prazer mais profundo do que se possa jamais esperar experimentar.

Depois de perambular por algumas horas, voltei ao local de ancoragem, mas, antes de chegar ali, fui alcançado por uma tempestade tropical. Tentei encontrar abrigo sob uma árvore tão cerrada que uma chuva inglesa comum jamais penetraria, mas aqui, em alguns minutos, uma pequena torrente descia pelo tronco. É essa violência de chuva que se deve atribuir o verdor no fundo das florestas mais densas.

Diário de Charles Darwin, a bordo do HMS Beagle.

Uma alta descarga líquida dos rios ao chegar às zonas costeiras tende a adicionar matéria orgânica e inorgânica particulada na coluna d’água o que gera uma diminuição da zona fótica e portanto, tende a limitar o desenvolvimento de uma comunidade biológica produtora de carbonato de cálcio.

Dentre os diversos fatores apontados como limitantes para a comunidade bentônica o fluxo de sedimentos clásticos terrígenos possui um papel de destaque na estruturação das comunidades bentônicas fotoautotrófica.

1- Contudo, a relação entre produção de carbonato de cálcio e fatores meteorológicos são apenas a ponta do iceberg, havendo uma série de outros fatores que se somam e agem de forma sinérgica.

2- Em uma escala temporal curta (décadas ou poucos séculos) o clima seria um fator impeditivo para a produção de carbonatos em ambientes neríticos?


Localização dos recifes de corais da baía de Todos os Santos. Cedido por Igor Cruz, 2009.


Ambiente recifal da BTS. Foto: Pedro Meireles.

Quais seriam os fatores impeditivos para que os recifes de corais ocorressem de forma generalizada em toda a BTS?


3- O que explica cenários tão distintos detentores de uma alta taxa de produção carbonática.


Os pontos em vermelho indicam alguns locais no globo, onde ocorrem uma alta produção de CaCO3.