segunda-feira, maio 31, 2010

Quando a gravidade é temporariamente subjugada - a importância dos fluidos nos processos geológicos.

Em bacias sedimentares a presença de fluidos exerce uma função primaz não somente, nos processos diagenéticos, mas também na formação de porosidade e permeabilidade dos depósitos sedimentares. Além destes fatores, as características dos fluidos são fundamentais nos processos de transporte e deposição das partículas sedimentares.

O fluido que envolve o grão exerce sobre seu centro de massa uma força de reação, conhecida como empuxo (Princípio de Arquimedes). A magnitude do empuxo é diretamente proporcional à densidade do fluido que envolve o grão. Define-se Densidade (d) como a razão entre massa específica (δ) de um objeto e o δ da água (1g/cm3).

A força resultante entre peso e empuxo é a tensão interna atuante no grão, a qual depende da sua densidade efetiva (diferença de densidade entre grão e fluido). Quando a densidade efetiva é negativa (fluido mais denso que o grão), o empuxo sobrepuja a força peso e ocorre flutuação.

A viscosidade do fluido, contudo, exerce um papel importante na decantação das partículas. A viscosidade corresponde à tensão necessária para produzir determinada deformação no fluido e mede a resistência do fluido ao cisalhamento.

Com o aumento da viscosidade, o deslocamento do grão tende a prosseguir, oferecendo, por exemplo, resistência a sua decantação. Daí se conclui que a viscosidade é inversamente proporcional à fluidez.


Como volumes são sempre positivos, concluímos que, a depender do ambiente inserido, massas podem ser negativas. Nestas circunstâncias, o sentido do vetor peso se inverte, apontando para cima: quer dizer, a massa da Terra o repele.

A partir daí, é reconhecido dois tipos de transporte sedimentar. Quando as forças de corpo (gravidade) e de superfície (coesão e atrito entre partículas) atuam sobre cada grão individualmente é porque os grãos apresentam suficiente liberdade de movimento em um fluido pouco viscoso, constituindo então transporte de grãos livres. Diferentemente, quando a força-peso age mais sobre a massa de grãos do que sobre grãos individuais, é por que os grãos estão muito próximos, em alta concentração em relação ao fluido, nestas circunstâncias ocorre transporte gravitacional ou fluxo denso.

A Lei de Stokes e a decantação de partículas pelíticas

Um dos princípios fundamentais em que se baseia a análise granulométrica é que pequenas partículas decantam com velocidades constantes. Estas partículas atingem essas velocidades constantes, em meio fluido, tão logo a resistência do fluido se iguala-se à força de gravidade, que age sobre a partícula.

Em geral a velocidade de decantação das partículas depende do seu raio, da sua forma, da sua densidade e da densidade e viscosidade do fluido. Stokes estudando as velocidades de queda de esferas dentro de cilindros com líquidos de diferentes viscosidades, chegou à fórmula empírica, que dá o valor da resistência que um fluido oferece a movimentação em seu meio.

R = 6π x r x n x v

R = resistência à queda em g.cm/s2;

r = raio da esfera em cm;

n= viscosidade do fluido em dinas;

v= velocidade de queda em cm.s-1

quarta-feira, maio 05, 2010

Dunas Costeiras

A origem e evolução das acumulações eólicas são determinadas por fatores ambientais de escala regional ou local: (i) suprimento de sedimentos, (ii) textura dos sedimentos, (iii) cobertura vegetal (iv) velocidade e variabilidade dos ventos (v) topografia pretérita (vi) variações climáticas e do nível do mar e (vii) soerguimento e subsidência tectônicas.

Nas zonas costeiras podem ser adicionadas: profundidade do lenço freático, amplitude das marés, morfologia praial, orientação da linha de costa.

A construção e evolução das dunas costeiras são decorrentes de processos atuantes a longo e a curto prazo. No primeiro caso, a morfologia dunar pode manter-se sem qualquer alteração por centenas a milhares de anos. No segundo caso, a construção e a evolução da morfologia dunar estão submetidas às modificações temporais, diárias ou sazonais. Tais modificações, em geral, estão relacionadas com fenômenos naturais, cuja variabilidade depende do sistema de circulação atmosférica local e global como as brisas marinhas e terrestres, os ventos alísios e eventos de curta duração tipo El-Ninõ e La-Ninã.

Na região Nordeste do Brasil, a evolução da zona costeira durante o Quaternário foi controlada pelas variações relativas do nível do mar, pelo comportamento dos ventos alísios e pelas variações climáticas. Os campos de dunas costeiras, ai presentes, têm no clima seu controle mais importante. Os campos de dunas costeiras ativas estão presentes somente naqueles trechos onde ocorrem, pelo menos, quatro meses de seca consecutivos durante o ano.

As dunas costeiras são alimentadas pelas areias da face de praia, o que tende a gerar localmente déficit de sedimento, uma vez que estas dunas migram para o interior da costa, recobrindo ou “transgredindo” terrenos mais antigos.

No Rio Grande do Sul, por exemplo, dunas eólicas costeiras estão largamente representadas uma vez que esta região apresenta uma conjunção de fatores que favorecem a formação destes campos eólicos: possui topografia de terras baixas (planície costeira), regime de ventos apropriado (em velocidade e direção) e grande estoque de areia quartzosa fina, disponível em praia retilínea exposta à ação das ondas.
Geralmente, as areias de granulometria média, fina e muito fina são colocadas em transporte pelo vento quando este atinge velocidades superiores a 5 m/s.

Texto extraído de Liana Barbosa - Campos de dunas costeiras associados à desembocadura do rio São Francisco(SE/AL): origem e controles ambientais. Tese de Doutorado, Universidade Federal da Bahia.


Vista geral do campo eólico de Cidreira, Rio Grande do Sul. Extraído de Tomazelli e colaboradores (2008).


Fotografia aérea vertical do campo eólico de Itapeva, Rio Grande do Sul. Extraído de Tomazelli e colaboradores (2008). 


Campo de dunas dos Lençois Maranhenses, MA.

Com base em imagens de satélite disponíveis no Google Earth identifique campos de dunas ativas e inativas no setor Leste/Nordeste do Brasil. Uma vez identificada as dunas costeiras obtenha das estações meteorológicas mais próximas a direção e intensidade dos ventos atuantes.