Imagens obtidas a bordo da Estação Espacial Internacional.
quarta-feira, julho 25, 2012
quarta-feira, julho 04, 2012
O Valor do Acaso
Edward Osborne Wilson (entomólogo) no
livro Consiliência, defende a unidade fundamental de todo o
conhecimento e a necessidade de uma busca da consiliência – a prova de que tudo
no mundo está organizado segundo um pequeno número de leis naturais
fundamentais que compreendem os princípios subjacentes a todos os ramos do
saber. O chamado Encantamento Jônico.
Algumas das várias honrarias científicas de Edward
Wilson incluem o prêmio Crafoord em 1990, a medalha nacional de
ciência dos EUA em 1976, e dois prêmios Pulitzer
(Da natureza humana e The ants). Em 1995 ele foi colocado pela revista Time como uma das 25 mais
influentes pessoas da América. Veja o que Tim Harford um emérito economista (autor
de O
Ecomonista Clandestino) escreveu sobre o Sr. Wilson “... quem melhor
escreve sobre a economia, eu ou E. O. Wilson? Seu capítulo sobre ciências
sociais foi escrito depois de entrevistar alguns dos mais renomados economistas
do mundo. O resultado foi uma aula valiosa, que me apresentou a muitos fatos
econômicos que desconhecia. A verdade é que E. O. Wilson é provavelmente um
melhor economista do que eu. Eu sei perder. Por que escrever um livro sobre
economia se o professor Wilson pode escrever um melhor?”. Isto demonstra a facilidade
do Sr. Wilson em transitar por diferentes áreas do conhecimento.
A consiliência é a chave para a
unificação. William Whewell, em sua síntese de 1840, foi o primeiro a falar de
consiliência, literalmente um “salto conjunto” do conhecimento pela ligação de
fatos com a teoria baseada em fatos em todas as disciplinas para criar uma base
comum de explicação.
Dito isto, vejam o que três eméritos
pesquisadores e divulgadores científicos de diferentes áreas propõem isoladamente
sobre um mesmo assunto: o valor do acaso.
Nassim Nicholas Taleb (economista,
filósofo, e nas horas livres analista de mercado financeiro) escreveu o livro A
Lógica do Cisne Negro. O impacto do altamente improvável. Nele o
professor Taleb explica que um Cisne
Negro é um outlier (dado
espúrio), pois está fora do âmbito das expectativas comuns, já que nada no
passado pode apontar convincentemente para sua possibilidade. Segundo ele,
estes eventos exercem um impacto extremo. Terceiro, apesar de ser um outlier, a natureza humana faz com que desenvolvamos explicações
para a sua ocorrência após o evento,
tornando-o explicável e previsível. Ou seja, alguns eventos devido a sua
dinâmica residem largamente fora do âmbito do previsível!
Sthefen Jay Gould (paleontólogo e
também espetacular divulgador científico) juntamente com Niles Eldredge propuseram a teoria
do equilíbrio pontuado que propõe que a maior parte das populações de
organismos experimentam pouca mudança
ao longo do tempo geológico e, quando mudanças evolutivas no fenótipo ocorrem,
elas se dão de forma rara e localizada em
eventos rápidos de especiação denominados cladogênese.
Ou seja estabilidade morfológica com explosões raras de mudança evolutiva.
Derek Ager (paleontólogo) expressou sabiamente
a dinâmica do planeta da seguinte forma: “…a história de qualquer parte da
Terra, é como a vida de um soldado, consiste de longos períodos de tédio e
breves períodos de terror”.
Eventos geológicos ou climatológicos
de alta intensidade não tem aumentado sua frequência ao longo do tempo, na
realidade seguindo o princípio da Entropia a força destes eventos vem
diminuindo ao longo do tempo. Mas o que mudou foram as consequências
socioeconômicas de tais ocorrências. Eventos como terremotos, furacões,
tsunamis resultam em consequências econômicas cada vez mais graves atualmente
que no passado, devido as relações de conexão entre economia e qualidade de vida.
Para exemplificar isto faça o seguinte experimento mental: retire energia
elétrica de aborígenes australianos ou dos Yanomamis por uma semana, e veja o
que acontece, agora imagine o mesmo cenário para as cidades de Nova York ou São
Paulo.
Para nós seres humanos o que importa
no final das contas é que: O mundo é dominado pelo extremo, pelo desconhecido e
pelo muito improvável. História e Sociedade não se arrastam. Elas dão saltos.
Seguem de ruptura a ruptura, intermediadas por poucas vibrações. Ainda assim,
nós gostamos de acreditar na progressão previsível e em pequenos incrementos.
Ataque
terrorista a Nova York 11 de setembro de 2001;
Tsunami
em Sumatra 26 de dezembro de 2004;
Tsunami
na costa japonesa em março de 2011;
Deslizamento
na Serra do Mar janeiro de 2010, 2011 e 2012;
Choque
de um bólido na superfície da Terra na transição Cretáceo –Terciário;
Acrescente
mais elementos à lista.
PS: A lista de autores acima mencionados que tratam do acaso, devo acrescentar ainda o brilhante Richard Dawkins (O relojoeiro cego), onde pequenas mudanças aleatórias resultam em um mundo sem desígnio.
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